quinta-feira, 22 de maio de 2008

O peso da (soc)i(e)dade...

Hoje encontrei uma amiga minha que há muito tempo não via. E conversamos sobre a nossa vida, os rumos que cada uma tomou e tals. Ela está superbem, trabalhando em uma multinacional, ganhando bem, construindo seu futuro tijolo por tijolo. Quase que literalmente. Assim como eu, ela namora há um bom tempo, mas diferentemente de mim, ela já está com projetos concretos para o futuro. Ela já comprou seu apartamento, tem seu carro próprio e pensa em se casar logo, assim que terminarem de mobiliar o apartamento. Então fiquei pensando: puxa, temos praticamente a mesma idade, estudamos juntas e no entanto como a vida nos mudou. Ela se tornou uma mulher extremamente bem-sucedida (sem perder a humildade, graças a Deus!!), dona de seu nariz, que sabe o que quer. Eu estou procurando meus caminhos e a única certeza que tenho é a de que não vou casar tão cedo.
Eis que todos ficam pressionando: mas por que não? Nossa, vocês estão há cinco anos juntos! Vai enrolar mais p/ quê?
Bom, vou responder com outra pergunta: casar pra quê? Não, não me vejam como uma feminista rebelde e antimatrimonial... Vou casar um dia, mas a pergunta é: casar agora, pra quê?
Pra viver junto? Quem disse que isso é vantagem? Afinal de contas, eu trabalho o dia inteiro, assim como ele. Viver junto? Não, apenas dormir juntos porque tanto eu como ele só paramos em casa pra dormir. E com essa correria, ainda arrumar mais uma responsabilidade, que é cuidar de uma casa? Arrumar quando? Nos finais de semana? E meu curso de italiano de sábado? Usar o único dia que posso descansar p/ arrumar casa? Não, obrigada.
Pra viver de amor? Não, ninguém vive de amor e aquele negócio de uma cabaninha e muito amor não serve p/ mim. Se for p/ ficar dois passando necessidades, melhor nenhum passar. Estou bem morando com minha família e ele idem. Pra que casar e termos que alugar uma casinha micro, contar moedinhas p/ pagar as contas, as prestações e não ter nenhum no final do mês p/ pegar um cineminha, ou mesmo um DVD na locadora? Viajar então, nem pensar. Antes de casar quero viajar muito, conhecer diversos lugares sem ter que me preocupar se o dinheiro vai fazer falta pra conta de luz no fim do mês.
Pra provar pra todo mundo que achei o amor da minha vida? E quem disse que preciso me casar pra provar isso? Melhor: quem disse que eu preciso provar isso? Eu amo, ele me ama e ninguém tem nada a ver com isso. Quem nos conhece, sabe disso muito bem. Namoramos há cinco anos e a convivência só aumenta o amor. Porque é convivendo que você conhece a pessoa de verdade. A convivência traz todas as manias, as rabugices, as implicâncias, tudo. Nada melhor do que conviver bem pra poder se casar. Assim a surpresa não será tão grande, não é mesmo?
Pra entrar pra família? Não, nem precisei casar pra isso. Já faço parte da família dele e ele da minha. Eu me dou superbem com a família dele e adoro todo mundo. Minha família também o vê como parte integrante, já. Inclusive com direito a broncas, abraços e beijos. Normal, como em toda família. Do mesmo jeito que não gosto de alguns parentes meus, ele também não faz questão de falar com alguns dos dele e assim vamos indo. Na família você entra com o coração, e não com um papel assinado e carimbado.
Pra sair de casa? Bom, se você não gosta da sua casa, vai morar sozinho, oras! Nunca tive intenção de sair de casa cedo (a não ser quando tinha cinco anos e achava que teria que me casar com 21... senão ia estar muito velha!), até porque detesto a idéia de chegar em casa e não ter ninguém pra contar meu dia. E não é a mesma coisa contar pra um gato ou pra um cachorro...
Então mais uma vez eu vejo que o casamento hoje em dia tem mais a ver com a questão social do que com a idéia romântica que todas as menininhas do interior fazem dele. Você tem que casar para provar que alguém nesse mundo te quer de verdade. Você tem que casar pra provar para o mundo que não vai virar uma velha solteirona. Você tem que casar pra ter alguém que ajude você a se sustentar, além de seus pais. Em suma: você casa pra ter independência. Mas aí você se torna dependente de uma escolha fantasiosa. O mundo não é cor-de-rosa e o casamento também não. Por mais que venha um príncipe encantado em seu cavalo branco, uma hora o príncipe vai ter uma crise de mau-humor e o cavalo vai precisar que você limpe as ferraduras dele. A não ser que você arrume um cara riquíssimo, que te dê casa, comida e roupa lavada. No entanto nada disso será de graça e uma hora o amor vai pro ralo se você não tiver maturidade pra encarar um eventual piti. Afinal, todos damos um piti de vez em quando...
O ideal é enxergar o casamento como uma conseqüência do namoro, e não como uma obrigação. Sendo assim, não adianta pressionar. Quando eu chegar no nível daquela minha amiga, e tiver grana pra comprar uma casa, mobiliar, pagar um casamento de verdade (se é pra casar, tem que ter festança, não é mesmo?), com tudo que tenho direito, aí sim a gente começa a concretizar. No mais, vamos levando a vida como ela está, nos preparando para crescer profissionalmente e financeiramente, porque viver de aluguel na Vila do Chaves ou morando com a sogra ou a mãe, não dá mesmo!

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