terça-feira, 27 de julho de 2010

Mães

Sei que estamos próximos do Dia dos Pais, que o Dia das Mãe já passou faz tempo, mas nessa minha vida de observações comecei a me dar conta de que muitas pessoas são o que são hoje por causa da criação que tiveram, para o bem ou para o mal. Também reparei que essas mesmas pessoas se baseiam na criação que tiveram para criarem seus próprios rebentos, seja como exemplo a ser seguido ou não.
Mas o que me motivou a escrever foi o choque ao me deparar com certas mães que simplesmente usam seus filhos, não se importando com o sentimentos deles e nem mesmo como de que modo isso poderá influenciar nas suas vidas futuras. Existem mães que por vaidade criam traumas em seus filhos que duram até a vida adulta. E este ser adulto nunca poderá ter um relacionamento saudável com ninguém por conta disso.
Conheço pessoas que têm relações mal-resolvidas com suas mães e nem sequer têm consciência disso. Pior: sequer têm consciência de que têm problemas. E sofrem a vida toda e fazem todos sofrerem com elas. Algumas não suportam olhar para suas mães, outras, ao contrário, sequer pensam na possibilidade de se desgrudarem delas. E vivem anos e anos com medo de um dia perdê-las ou de serem obrigados a se separarem delas. Evitam crescer por conta disso. Evitam responsabilidades e compromissos. Têm medo de serem obrigados a sair da saia da mãe se crescerem demais. Outros se separam de suas mães apenas para chamar a atenção delas. Vão para longe, ficam dias sem dar notícia, apenas para que elas se preocupem e demonstrem algum afeto. São os carentes, aqueles com a autoestima baixa, que em algum momento da vida se sentiram tão rejeitados pela própria mãe, que se recusam a passar por esse sentimento novamente. E fazem de tudo, se tornam "rebeldes", jogam com os sentimentos dos outros apenas para receber um afago da mamãe. No fundo, todo rebelde é um mimado querendo chamar a atenção. Jogando com todos, usando pessoas, envolvendo gente inocente no jogo, apenas para suprir sua vaidade. É deprimente. Dá pena de gente assim, pois eles jamais serão felizes. No dia em que suas mães morrerem, vão fazer o que da vida? Vão ser obrigados a chamar a atenção de quem? Afinal, quem vai sobrar depois de anos e anos de relacionamentos destrutivos?
Enfim, dá pena dessas pessoas, mas de quem é a culpa disso tudo? Na grande maioria, da mãe. Conheço mães que jogam os filhos um contra os outros apenas para ser disputada, se sentir importante, como uma grande dama de um harém masculino. E se vangloriam disso, colocam seus filhos no mesmo patamar de seus maridos e fazem com que eles briguem entre si pela atenção dela. Freud explica... ou lamenta. O famoso Complexo de Édipo é levado ao mais alto grau da insanidade por vaidade. E o pior disso tudo é que elas se designam grandes mães. Se consideram perfeitas, amadas ao extremo, sabem que seus filhos jamais vão trocá-la por ninguém mais. E quando isso acontece, se volta contra a escolhida do filhinho. Disputa o filho como se fosse uma presa, usa de todos os artifícios para acabar com tudo. Algumas conseguem e têm seus filhinhos na barra da saia a vida toda, como uma legítima Dona Armênia. Outras perdem a batalha e, consequentemente, seus filhinhos. Que descobrem uma face oculta da adorada mãe e se assustam, e se sentem enganados e somem. Esse é o grande risco que as Donas Armênias correm: o de serem descobertas pelos próprios filhos.
Mas também temos aquelas mães que têm filhos apenas para exibir por aí. Como se fosse um bibelô adquirido na sua última viagem ao exterior. Usam seus filhos apenas para exibir em eventos sociais. Ou para dizer que são "mães de família", para adquirir um status na sociedade, posar de mãe amorosa. Na intimidade do lar, sequer ligam para eles. Tratam as crianças como pequenos animais de estimação, dão comida, limpam, e deixam ali no cantinho brincando sozinhas. Daí, das duas, uma: ou elas vão criar novos carentes por atenção, ou vão criar pequenos marginais que vão posar de rebeldes apenas para conquistar a atenção dessas mães relapsas.
Ah, por que raios resolvi escrever sobre isso? Por um motivo bem simples: educação. Acabei de ler um e-mail falando justamente sobre a dificuldade que os professores têm para dar aula, do sucateamento da educação no Brasil, e cheguei à conclusão de que não há o que fazer para melhorar a educação se não melhorarmos a "educação" do povo. Muitos acham que falta investimento, mas de que adianta investimento, melhora de infraestrutura e de capacitação de professores se os alunos continuarão a ser os mesmos? De que adianta dar computadores novinhos, material de última geração, professores com doutorado, se os alunos serão os mesmos que vão à escola apenas porque são obrigados? Que não estudam porque estudar é "coisa de nerd", é para os fracos e impopulares? Enquanto a mentalidade dos estudantes de hoje não mudar, não adianta investir, pois seria jogar pérolas aos porcos. E enquanto existirem mães que delegam a educação de seus filhos para a sociedade, nada vai mudar.
Muitos são os que reclamam do país, que reclamam dos governantes, mas ninguém se dispõe a mudar, ninguém se preocupa com o bem-estar dos outros. Enquanto a sociedade tiver essa (falta de) educação, nada vai mudar. No fundo, cada país tem o governante que merece...

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