quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Los sueños que se cumplen son tan raros... ou não!

Engraçado como o ser humano precisa sonhar. E mais engraçado é como ele não perde a capacidade de sonhar mesmo quando todos os seus sonhos se realizam. Para mim a vida é feita de objetivos, de pequenos sonhos, e a felicidade nada mais é que a realização desses pequenos sonhos. E quando eles se realizam, lá vamos nós inventar novos sonhos. Mais ambiciosos talvez... Provavelmente é isso que nos faz crescer e viver. Desejar mais, lutar para alcançar. E quando se alcança, desejar ir mais além. A vida com objetivos fica menos chata, você tem menos tempo para reparar no que não tem. Menos tempo para reparar na vida dos outros. Quando se está empenhado em conquistar alguma coisa, as coisas pequenas deixam de ser importantes. Pessoas pequenas deixam de ser importantes, são deixadas de lado. Se não vai ajudar, então cai fora.
Sempre fui uma pessoa realista, desde criança. Nunca desejei brinquedos caríssimos, ou melhor, nunca tive a ilusão de que teria brinquedos caríssimos. Sempre fiquei presa ao orçamento dos meus pais e tinha plena consciência do que podíamos e do que não podíamos comprar. Em partes isso foi bom, pois aprendi a valorizar cada pequena coisa que tinha, e principalmente, a sonhar, a imaginar, a criar. Em partes foi ruim por limitar meus pequenos sonhos de consumo infantil. Mas sempre tive em mente que quando crescesse, compraria tudo que quisesse. E esse sonho aconteceu. Não passo mais vontade hoje em dia. Claro que sempre me programo, não vou esbanjando, afinal, ainda tenho meus pequenos sonhos para realizar. Fato é que não passo mais vontade se quero alguma coisa.
Mas falando de sonhos, me dou conta de que nunca sonhei muito alto quando mais nova. Talvez para não correr o risco de me frustrar, afinal, se você não espera nada da vida, o máximo que pode acontecer é realmente não acontecer nada. Mas mesmo não esperando nada, tive oportunidades de ouro que não deixei passar. E assim acabei realizando pequenos sonhos que antes eram considerados impossíveis. Como passar em uma Universidade pública tendo estudado apenas em escolas públicas. Como conseguir trabalhar no emprego dos meus sonhos.
Quando era adolescente, me apaixonei pela língua espanhola, e nessa acabei conhecendo e me apaixonando também pelo trabalho de um artista espanhol (o mesmo que escreveu o verso que dá título a esta postagem). Mas ele era espanhol, vinha ao Brasil raramente, e para mim o sonho máximo seria ver um show dele ao vivo. Carreguei esse sonho por longos 12 anos. E quando a oportunidade apareceu, agarrei. Conheci pessoas que valeram muito a pena nesse percurso. Outras nem tanto. Mas com a ajuda delas, novas oportunidades foram surgindo e eu finalmente consegui assistir a esse show. Chorei muito pela emoção de ter um sonho máximo realizado, e o melhor: ao lado da pessoa que amo. Mas não parou aí. Como falei, aproveitei todas as oportunidades que passaram na minha frente. E me empenhei de verdade em tudo que me comprometi a fazer. A recompensa sempre vem, e eu acabei conhecendo o tal espanhol pessoalmente. Para ser sincera, ele me era tão distante que eu jamais pensei que o conheceria pessoalmente. Nem sonhava com isso, pois parecia muito impossível. E no entanto lá estava eu, frente a frente com ele. Não chorei, não gaguejei. Não dei vexame nenhum. Um abraço, uma rápida conversa, um presente. E um muito obrigada por me mostrar que até os sonhos que você não sonha são realizáveis.
A partir daí me dei conta de como tudo poderia ser possível com um pouco de empenho. Consegui uma casa para meus pais, consegui virar uma profissional autônoma, dona do meu próprio negócio, consegui lidar com pessoas difíceis na minha vida com muito jogo de cintura. E este ano o tal espanhol apareceu de novo. E dessa vez eu tinha um objetivo: conseguir uma entrevista com ele para o programa de rádio que faço na Rádio Sanz. Junto de uma superamiga, que conheci na ocasião daquele primeiro show, corremos atrás. Literalmente. Conhecemos mais pessoas que valeram a pena. E também conhecemos melhor pessoas que não valiam a pena, mas que ainda não sabíamos. Afinal, ninguém nessa vida pode ser feliz impunemente. Mas como disse anteriormente, pessoas pequenas são deixadas de lado. E pessoas invejosas são pessoas pequenas deixadas de lado com muito prazer. Em uma semana corremos todos os dias. Sem almoço, sem janta, correndo contra o tempo ("que corre porque é um covarde"), tentando dar conta de todos os compromissos sem faltar com ninguém. Porque a amizade também é um compromisso importante. E correr atrás dos seus sonhos não significa abandonar quem te quer bem. Algumas pessoas foram uma verdadeira surpresa, torceram pelo nosso sucesso de coração, outras nem tanto, se sentiram traídas, sabe-se lá por que razão. E no final de uma semana de muita luta, conseguimos nosso objetivo. Durante a semana nos encontramos várias vezes com o cantor, e nos abraçamos, conversamos, rimos juntos, foi fantástico. Na hora da entrevista não podia ser diferente. Sempre atencioso, sempre rindo, tudo foi perfeito. E mais uma vez ele me provou que eu posso tudo que quero.
O depois não foi só paraíso, claro. Muitas fofocas, muita inveja, mas principalmente, muitas manifestações de apoio de gente querida! Tantas que fez as fofocas se sentirem tão pequenas que ninguém deu atenção. Gente que viu o duro que demos vibrou tanto ou mais que a gente e com a gente. E é muito bom realizar um sonho junto de amigos. Hoje tenho plena consciência de que tudo pode acontecer. E quando começar a desanimar, vou poder lembrar disso tudo. E ao contrário do verso que escreveu, esse espanhol me provou que "los sueños que se cumplen" NÃO SÃO TÃO RAROS assim. Obrigada Alejandro Sanz, por realizar vários pequenos sonhos meus, mas principalmente por me mostrar que vale a pena sonhar alto. Porque com muita luta e muita insistência, eles um dia se realizam! :D